Primeiros Passos na Prática Meditativa
A antiga ciência da meditação foi chamada A Estrada Real da União. Eis como pode proceder, sem perigo de maior, um principiante que vai dar os seus primeiros passos:
1. Destinar, logo pela manhãzinha, cerca de 10 a 15m, para o trabalho de concentração ou de meditação (esta última é, grosso modo, um prolongamento aperfeiçoado da concentração). Procurar uma divisão da casa, ou um espaço na Natureza, onde reine o maior silêncio possível, com a garantia de não virmos a ser minimamente perturbados. Esta é uma condição indispensável.
2. Sentar de modo confortável, com as costas bem direitas, sem qualquer tensão perceptível em qualquer parte do corpo. Pernas lado a lado, com os pés cruzados, o direito à frente do esquerdo (em meditação grupal, os pés devem ficar lado a lado, para permitir a melhor circulação da energia). Mãos juntas sobre os joelhos. Queixo ligeiramente inclinado para a frente, nunca deixando a cabeça inclinar-se para trás. Esta é a posição egípcia (ver as representações que nos foram legadas pelo Egipto antigo), mais aconselhável para corpos ocidentais, que possibilita o conforto e o controlo do corpo fásico.
3. Relaxar progressivamente. Nem os dentes, a língua ou os olhos, devem estar tensos sequer. Assim que a posição for agradável e normal, estável, permitindo-nos esquecer que temos um corpo, podemos prosseguir.
4. Vigiar a respiração, que deve ser calma, regular, rítmica. Os principiantes devem abster-se rigorosamente de quaisquer práticas respiratórias, mantendo-se o conselho para quem não tenha apoio de alguém com muita experiência, mesmo que já se pratique a meditação “há bastante tempo” (anos, de um modo geral). Esquecer também que respiramos.
5. Observar a mente e o seu conteúdo. Notar que a mente pára quando é observada “olhos nos olhos”. Deixá-la fluir, mas acompanhá-la. Usar, agora, a imaginação criadora, representando-nos como um ser triplo constituído por corpo físico, emoções (corpo astral ou afectivo) e mente. Visualizemos este corpo inferior triplo global em contacto com a Alma. A Alma é o Mestre em nós, o Mestre “no coração”, no íntimo de nosso ser, como se fosse a voz da consciência. Observar, durante este trabalho em que construímos representações mentais, que a substância mental do nosso intelecto gera uma certa ordem de vibrações, as quais atraem a si os elementos correspondentes da substância mental onde o intelecto está a imergir.
6. Sempre que necessário, concentrar-se por um acto de vontade para fazer persistir as imagens desejadas. Havendo distracção ou dispersão, “dar a mão” à mente e voltar a trazê-la ao objecto ou semente de meditação. Isto comporta o esforço de manter o intelecto imutavelmente fixo em certas ideias, imagens e/ou palavras, procurando compreender o seu significado com clareza, sem nos distrairmos com elas ou com o facto de nos esforçarmos por meditar. O intelecto deve estar totalmente ocupado com a consideração das ideias, não com o esforço que a concentração exige.
7. Dizer, em seguida, com concentração: A meditação é um uso criador da mente, unindo activamente o mundo interior ao mundo exterior. Reflectir dois a três minutos sobre a essência e as consequências da compreensão verdadeira desta afirmação.
8. Repetir este processo quotidianamente, sem desfalecer, buscando memorizar todo o conjunto, a fim de o poder trabalhar sem qualquer esforço. Será a continuidade e a persistência que trarão bons resultados. Mais valem 10 a 15m de meditação diária do que meia ou mesmo uma hora de vez em quando.