A hipótese sobre a qual as teorias aqui delineadas se baseia pode ser expressa nas afirmações seguintes:Um: O centro de energia através do qual a alma opera é o cérebro superior. Durante a meditação, se eficaz, a energia provinda da alma flui para o cérebro e tem um efeito definido sobre o sistema nervoso. Todavia, se a mente não está controlada e a natureza emocional prevalece (caso do místico puro) o efeito faz-se sentir principalmente no mecanismo dos sentimentos, os estados de ser emocionais.

Quando a mente é o factor dominante, então o mecanismo do pensamento entra em actividade organizada no cérebro superior. Quem medita adquire uma capacidade nova de pensar com clareza, de forma sintética e poderosa…

Dois: Na região da glândula pituitária, encontramos a sede das faculdades inferiores, quando coordenadas no tipo de ser humano superior. Elas estão aqui coordenadas e sintetizadas e, de acordo com escolas reputadas de psicologia e endocrinologia, acham-se nesta área as emoções e os aspectos mentais mais concretos (resultantes de hábitos raciais e instintos herdados, pelo que não apelam ao exercício da mente superior ou criativa)…

Três: Quando a personalidade, soma total dos estados mental, emocional e físico, é de uma classe elevada, então a glândula pituitária funciona com eficácia crescente e torna-se muito poderosa a vibração do centro de energia na sua proximidade. Deve notar-se que, de acordo com esta teoria, quando a personalidade é de ordem inferior, quando as reacções são sobretudo instintivas, e a mente quase não funciona, então o centro de energia encontra-se na vizinhança do plexo solar, sendo o homem de natureza mais animal.

Quatro: O centro na área da glândula pineal e o cérebro superior são conduzidos à actividade através da aprendizagem da focalização da consciência atenta na cabeça…

As várias vias principais de percepção sensorial são levadas a uma condição tranquila. A consciência do homem real não mais é impulsionada para o exterior ao longo das suas cinco avenidas de contacto. Os cinco sentidos ficam dominados pelo sexto sentido, a mente, e toda a consciência e a faculdade perceptiva do aspirante se sintetiza na cabeça, voltando-se para o interior e para cima. A natureza psíquica é assim subjugada e o plano mental torna-se o campo de actividade do homem. Este retraimento ou processo de abstracção decorre por etapas:

1. A retirada da consciência física, ou percepção através do ouvido, tacto, vista, gosto e olfacto. Estes modos de percepção ficam temporariamente adormecidos e a percepção torna-se meramente mental, sendo a consciência cerebral tudo o que está activo no plano físico.
2. A retirada da consciência para a região da glândula pineal, de modo que o ponto de compreensão se centraliza na área entre o meio da testa e a glândula pineal.

Cinco: Logo que isto tenha sido concretizado e o aspirante tenha alcançado a aptidão de se focalizar assim na cabeça, o resultado deste processo de abstracção é a seguinte:

Os cinco sentidos estão a ser firmemente sintetizados pelo sexto sentido, a mente. Este é o factor de coordenação. Compreende-se mais tarde que a alma possui uma função análoga. A personalidade tripla é assim conduzida para uma linha recta de comunicação com a alma, e… com o tempo, o meditante fica inconsciente das limitações da natureza corporal e o cérebro pode ser directamente impressionado pela alma, via mente. A consciência cerebral é mantida numa condição expectante positiva com todas as suas reacções ao mundo fenomenal inibidas de forma total, embora a inibição seja temporária.

Seis: A personalidade intelectual de grau elevado, focando a atenção na área da glândula pituitária, começa a vibrar em uníssono com o centro superior na região da glândula pineal. Estabelece-se então um campo magnético entre o aspecto alma positivo e a personalidade expectante, tornada receptiva pelo processo de atenção focalizada. Então, dizem-nos, a luz irrompe e temos o ser humano iluminado e o surgimento da luz surpreendente na cabeça.

Tudo isto resulta de uma vida disciplinada e da focagem da consciência na cabeça. Por seu turno, isto é obtido pelo esforço de concentração na vida quotidiana e também por meio de exercícios de concentração definidos. Segue-se a estes o esforço de meditação e mais tarde – muito mais tarde – o poder de contemplação faz-se notado.

Este é um breve resumo da mecânica do processo, sendo necessariamente sucinto e incompleto. Contudo, as ideias devem ser aceites experimentalmente antes de ocorrer uma aproximação inteligente ao trabalho meditativo…

Tendo elaborado a nossa hipótese e aceitando-a por uns tempos, prosseguimos a tarefa até ela provar ser falsa, ou até a nossa atenção não mais se empenhar nisso. Uma hipótese não se revela necessariamente falsa se não se conseguir demostrar em tempo estimado suficiente. As pessoas desistem com frequência a sua busca neste campo de conhecimento porque não dispõem da perseverança necessária, ou o seu interesse se envolve alhures.

Nós, porém, estamos determinados em prosseguir na nossa investigação e em dar tempo para se provarem as fórmulas e as técnicas antigas. Por conseguinte, nós continuamos a satisfazer às primeiras exigências, esforçamo-nos por levar a exibir na vida uma atitude mental mais concentrada e por praticar diariamente a concentração e a meditação.

Sendo principiantes, ou possuindo uma mente desorganizada, fluida, versátil e instável, iniciamos com a prática da concentração. Sendo intelectuais experimentados, ou dispondo de atenção focalizada conferida pelo treino da actividade profissional, apenas precisamos de reorientar a mente até um novo campo de percepção e começar verdadeiramente a meditar. É fácil ensinar meditação aos executivos profissionais interessados.