Introdução ao Estudo do Yoga e à sua Prática
Escrever sobre esta tão fecunda matéria não é tarefa fácil, sobretudo sabendo nós que há muito desconhecimento sobre o seu conteúdo, a sua prática e a sua validade. Porém, não queremos deixar em expectativa todos aqueles que já aguardam há algum tempo encontrar referências com alguma profundidade sobre este apaixonante assunto.
Este texto serve apenas de introdução. Outros textos permitirão mais tarde uma mais fecunda abordagem e um melhor conhecimento desta matéria.
A terminar este curto preâmbulo, um voto: que estas palavras sirvam, a todos que nos lerem, como um estímulo para se lançar nesta aventura que lhes permitirá, com toda a certeza, descobrir um novo sentido para a vida e um farol para a sua íntima natureza em evolução constante.
Introdução
Os brâmanes falavam antigamente o sânscrito e o termo yoga teve origem na sua raiz yuj (ler “iuche”), que significava pôr o jugo, juntar, unir. Patanjali, que levou à codificação desta matéria, apresentou o yoga como a inibição – supressão, paragem e depois sujeição – das modificações da mente e, através de um conjunto de frases extremamente precisas, sutra em sânscrito, lançou os alicerces onde todas as modalidades fidedignas de yoga vão buscar o seu substracto.
Todavia, não se pense que a definição apresentada é, na sua aparente singeleza, algo de evidente e de simples, porque chega a constituir, mais tarde ou mais cedo, o projecto de um número infindável de anos.
Senão vejamos. Quais as questões que se levantam desde já?
– O que é a mente?
– O que são modificações da mente?
– Porquê inibir, suprimir, parar e depois sujeitar?
– Qual a relação entre a mente e o homem?
– Então não é o yoga uma espécie de ginástica?
Num dicionário bem conceituado podemos ler que yoga é um sistema filosófico da Índia que identifica o estado de perfeição com a contemplação, a imobilidade absoluta, o êxtase e as práticas ascéticas (místicas, devotas, contemplativas). No entanto, esta definição não esgota ainda as potencialidades do yoga e carece de algum rigor.
Quer dizer, exprimir a definição em poucas palavras, como faz Patanjali, exige que lhes saibamos atribuir o seu profundo significado.
Contudo, ao exprimi-la através de um desenvolvimento, pode pecar-se por omissão, por indefinição ou até mesmo gerar-se confusão. Daqui ressalta uma dificuldade imediata para quem é solicitado, como nós temos sido, a dizer o que é yoga por meio de umas tantas frases que tenham sentido e justeza quer para o yoguine quer para o leigo. A nossa tentativa é a de satisfazer a ambos e, por isso, esforçar-nos-emos por desenvolver esta matéria de modo a que todos, sem excepção, possam considerar no final que aprenderam alguma coisa mais.
Procuraremos compreender o alcance da definição de Patanjali. O yoga pode ser considerado como uma técnica de auto-aperfeiçoamento.
Sob o aspecto teórico, pode conduzir-nos a interrogações de âmbito filosófico, científico e religioso. É, pois, uma técnica total e um poderoso instrumento para o educador moderno. Com efeito, consiste ainda numa vivência séria e disciplinada nas dimensões física, emocional, intelectual e espiritual, pela qual se entra numa consciência cada vez mais elevada.
Mas porquê um âmbito tão vasto, aparentemente tão ambicioso, para esta disciplina de vida? A única boa resposta é só uma: experimentar, perceber, praticando. Tudo isto completado por uma regra basilar e indispensável: perseverança, regularidade e equilíbrio permanentes.